quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Para pensar a nomenclatura da gramática

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. Leiam até o final, é muito legal! Infelizmente, onde pesquisei não consegui descobrir o nome da autora. Se alguém souber, me informe, por favor, não faço plágio do trabalho alheio...

Redação:

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

sábado, 23 de agosto de 2008

15º Encontro do dia 21/08

Reflexão sobre o filme Desmundo, de Alain Fresnot:

O filme se passa em 1570 e retrata a sociedade portuguesa que habitava no Brasil da época, mostrando, entre outros aspectos a exploração sexual e do trabalho escravo de indígenas, negros e mulheres, além da total marginalização destas em submissão aos desejos masculinos. Trata também das relações comerciais inescrupulosas entre os membros da igreja e os senhores de terras na roca de favores e 'bens' como escravos e esposas.
As informações sobre a história do Brasil são a total falta de escrúpulos da sociedade da época, na qual os homens brancos impunham sua vontade à força e exploravam como bem entendiam o trabalho daqueles que não tinham condições de se defender (no caso, os indígenas, os negros e as mulheres órfãs).
Os personagens utilizam formas linguísticas muito peculiares, típicas do seu país, Portugal. Percebe-se muito claramente a tentativa de indígenas e africanos de continuar se comunicando em sua língua de origem. Quanto ao português lusitano, nota-se como principais traços o uso do pronome e do verbo em segunda pessoa, uso da ênclise e mesóclise na colocação pronominal, hoje tão raros na nossa comunicação, além de vários termos do léxico que também já caíram em desuso.
A diferença entre as formas linguísticas usadas no filme e a nossa língua portuguesa de hoje é tão grande que há dificuldade em compreender várias cenas por causa do vocabulário usado. Isso se deve, certamente, ao fato de ter sofrido inúmeras modificações ao longo de mais de quatrocentos anos em nosso país, além de adaptações e influências de outras línguas, principalmente indígenas, africanas, árabe e, mais recentemente inglês. Quase não é possível uma compreensão da linguagem usada no filme sem recorrer a outros recursos da fala, como a imagem, expressão facial e corporal, entonação e o contexto enfim.
A história da língua portuguesa é relevante para nossos alunos, pois possibilita compreender alguns aspectos da enorme diferença entre língua escrita e língua falada. Entender, por exemplo, que a norma padrão nos parece tão estranha porque se baseia na estrutura da língua de origem, o português lusitano, que utiliza várias formas por nós já abolidas na fala do cotidiano. Entender que a norma padrão demora muito tempo para se adaptar às modificações rápidas que ocorrem na língua falada, por issonão leva em consideração aquilo que não pode acompanhar, que são as variantes linguísticas, tão influenciadas pela região, idade, classe social, manifestações culturais e outros aspectos. A norma padrão não pode e nem deve mesmo abarcar todas essas variantes, senão não seria padrão. A norma padrão é assim mesmo: restrita, elitista, excludente; no entanto necessária. Nem mais nem menos importante que as variantes linguísticas, apenas mais uma forma de comunicação na língua que deve ser ensinada na escola. Algo que todo aluno tem o direito (não o dever, a imposição) de saber para se apropriar dela quando achar necessário. Conhecer essa história da língua é mais uma ferramenta para compreender os usos e possibilidades da linguagem e descobrir-se como agente desse processo de transformação contínua ao qual a língua está exposta.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

14º Encontro do dia 14/08

Ortografia


A conservação das línguas, através dos tempos, deve-se à escrita. A escrita é uma representação da linguagem oral, e sua finalidade é a leitura. Ela é apenas uma das formas de se usar a linguagem, mas, apesar disso, tem um valor to grande nas sociedades que as pessoas acabam invertendo a situação: achamos que a escrita é que comanda a fala, quando ocorre justamente o contrário. A grafia das palavras é uma representação imperfeita da linguagem falada. Enquanto a fala é muito dinâmica (evolui rapidamente) e possui outros recursos além das palavras (como os gestos, a altura, a entoação e a modulação de voz), a escrita conta apenas com algumas poucas letras, os acentos e os sinais de pontuação. Como o objetivo da escrita é a leitura, ela precisa ser resistente às mudanças. Surge, então, a ortografia, cuja função é “congelar” a forma como as palavras são escritas para que elas possam atravessar os séculos. Outra função da ortografia é resistir à variação lingüística de modo que um texto em português, por exemplo, possa ser lido de Norte a Sul do Brasil.
Por ter que seguir, obrigatoriamente, uma única forma, muitas dúvidas surgem em relação à ortografia, ou seja, escrita correta das palavras. De modo geral, as letras que mais causam problemas para quem vai escrever um texto são aquelas que envolvem duas ou mais alternativas para representar um mesmo som.
E para não errar a escrita, não basta conhecer as regras de ortografia, pois elas não explicam todas as situações em que as letras devem ou não ser utilizadas. Então, o que fazer?

Dicas para melhorar a ortografia

*A primeira dica (e mais importante) é adquirir o hábito da leitura. As pessoas que lêem bastante têm menos dificuldades para redigir um texto (e conseqüentemente, menos dificuldades com a ortografia). As dificuldades com a ortografia diminuem à medida que o usuário da língua vai se tornando um leitor mais experiente e vai lendo cada vez mais. A leitura é um exercício para o cérebro como o esporte é para o corpo. A diferença é que a leitura treina a atenção, a memorização, e a organização das idéias. Por isso ajuda tanto na hora da escrita. Além do mais, cada vez que você tiver que escrever uma palavra que já leu várias vezes, vai se lembrar da grafia correta.

*A segunda dica é praticar o treino ortográfico.Nunca fique na dúvida, pergunte. È preciso ser menos intolerante com os erros de ortografia. Só assim as pessoas ficarão mais à vontade para perguntar no momento que tiverem dúvidas, sem se sentirem culpadas de não saberem ou envergonhadas com as piadinhas que os outros possam fazer. Ao descobrir a escrita correta da palavra, olhe atentamente para ela. Depois, de olhos fechados, tente “ver mentalmente” a palavra. Em seguida, escreva-a e confira. Se você acertar, pode treinar a escrita mais duas ou três vezes. Se errar, repita todo o processo novamente. Após treinar uma palavra, procure empregá-la sempre que houver oportunidade, pois assim você estará reforçando a sua permanência na memória. Também vale a pena pedir a alguém para fazer ditados e assim você vais descobrindo seus erros, corrigindo e treinando a escrita correta pois, como você deve ter notado, escrever corretamente requer treino e força de vontade.

* Há momentos em que acertar na ortografia é difícil até para aqueles que têm muita prática na escrita. Nessas horas a dica é consultar um bom dicionário. Para isso, você primeiro escreve num papel as formas entre as quais está em dúvida (ex: úmido ou húmido). Depois procura essas formas no dicionário. Com certeza, uma delas estará lá. O dicionário seleciona e organiza as palavras em ordem alfabética. Um bom dicionário sempre apresenta um índice das abreviaturas empregadas nos verbetes. Geralmente, aparece nas primeiras páginas e serve para consulta sobre classe gramatical, gênero, etimologia,etc.
Detalhes importantes para consultar um dicionário:
* as palavras que apresentam flexões estão sempre no singular, no grau normal e no masculino;
* os verbos aparecem sempre no infinitivo, isto é, não são conjugados;
* normalmente, os dicionários indicam a classe gramatical da palavra: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, etc.

*Nem só de dificuldades é feita a ortografia. As palavras se parecem entre si. E essas semelhanças nos ajudam a entender o funcionamento do sistema ortográfico, porque é através delas que podemos formular algumas regras ortográficas. As regras vão sendo “internalizadas” à medida que você vai se tornando um produtor de textos mais experiente. Ou seja, chega um tempo em que você não precisa pensar muito antes de escrever, e a forma correta surge intuitivamente de sua caneta... Você percebe, aos poucos, que as palavras treinadas multiplicam-se por 5, 10 ou mais vocábulos novos cuja ortografia passará também a dominar. Mas cuidado! Essas regras não são capazes de esgotar o assunto, deixando muitas lacunas que você deverá preencher ao longo de sua vivência lingüística.


1 – Palavras derivadas de outras geralmente seguem suas regularidades ortográficas. Observe:
* pressa apressar depressa apressado
* tecer tecido tecelão tecelagem
* dança dançar dançante dançarino
* manso amansar remanso mansidão
* pesquisar pesquisa pesquisador
* deslizar deslize deslizante


2 – Uma palavra formada de outra só muda as letras quando há mudança de som ou mesmo um impedimento ortográfico. Veja:
* obrigar obriguei
* agir ajo
* aborrecer aborreço


3 – Existem palavras homônimas, que possuem a mesma pronúncia, mas com grafia e significado diferentes. Nesses casos recorra ao dicionário, sempre que preciso, até memorizá-las. Veja:
* mau = adjetivo mal = substantivo
* seção = divisão, setor sessão = tempo de um evento
* sinto = verbo sentir cinto = acessório
* cumprimento = saudação comprimento = medida, tamanho
* caçar = procurar, abater cassar = anular o mandato parlamentar
* acento = sinal gráfico assento = lugar para sentar


4 – Existem palavras parônimas, que são muito parecidas, mas a troca de uma letra muda completamente o significado. Nesses casos também devemos consultar o dicionário. Observe:
* suar = expelir suor soar = emitir som
* mexa = verbo mexer mecha = fios de cabelo
* xeque = jogada do xadrez cheque = ordem de pagamento bancário
* viajem = verbo viajar viagem = substantivo
* traz = verbo trazer trás = parte posterior


5 – Nos dígrafos nasais, usamos ‘m’ se a próxima letra for ‘p’ ou ‘b’. Nas demais usamos ‘n’. Veja alguns exemplos:
* campo pomba tombo tempo impedir assombro
* talento arranjo manga onde infinito diferença


6 – Sempre usamos ‘u’ no final dos verbos no passado. E geralmente usamos ‘l’ após ‘a’, ‘e’ ou ‘o’ abertos e sem acento, no final das palavras. Veja alguns exemplos:
* fugiu cantou aprendeu partiu falou sofreu
* anzol anel varal barril caracol milharal


7 – Cuidado com a letra ‘x’. Ela pode ter vários sons. Portanto, ao escrever palavras com esses sons, consulte o dicionário. Veja só:
* som de ‘s’ – texto, exportação, extraordinário, explicar, máximo, próximo, auxílio
* som de ‘z’ – exemplo, exercício, exigente, exame, examinador
* som de ‘ch’ – caixa, bexiga, peixe, queixo, mexerica, xícara
* som de ‘ks’ – táxi, saxofone, anexo, fax, sexo, reflexo, reflexão
* som de ‘s’ (junto com o c) – excelente, exceto, excitar, excesso, excepcional


8 – Nos casos de dúvida entre o uso de ‘x’ ou ‘ch’ existem algumas dicas que podem ajudar.
* usamos ‘x’ depois de ditongo: caixa, ameixa, feixe (exceto em recauchutar, recauchutagem)
* usamos ‘x’ depois de ‘en’ inicial, quando não for derivado de palavras com ‘ch’: enxada, enxame, enxerido, enxergar, enxuto, enxaguar
* usamos ‘x’ depois de ‘me’ inicial ( com exceção de ‘mecha’ e seus derivados): mexerica, mexer, mexido, mexerico, mexicano, mexilhão
* usamos ‘ch’ nas palavras terminadas em ‘acho’, ‘achão’, ‘icho’ e ‘ucho’: cambalacho, bonachão, rabicho, cartucho, carrapicho, macho, comichão
* usamos ‘ch’ depois de ‘n’: concha, gancho, anchova, mancha, inchado
* usamos ‘ch’ nos derivados de palavras que já contenham ‘ch’: aconchegar (chegar), enchente (cheio), encharcar (charco), pichar (piche).


9 - Se tiver dúvidas para usar ‘g’ ou ‘j’ lembre-se que essas letras só representam o mesmo fonema quando usadas antes de ‘e’ ou ‘i’ ( je, ji, ge, gi). Diante de ‘a’, ‘o’ ‘u’ os sons são diferentes (ga, go, gu / ja, jo,ju). Eis algumas orientações para facilitar a ortografia nesses casos:
* usamos ‘g’ nas palavras terminadas em ‘agem’, ‘igem’, ‘ugem’: coragem, garagem, fuligem, ferrugem ( com exceção de ‘pajem’ e ‘lambujem’)
* usamos ‘g’ nas palavras terminadas em ‘ágio’, ‘égio’, ‘ígio’, ‘ógio’, ‘úgio’: pedágio, colégio, prestígio, relógio, refúgio
* usamos ‘g’ nos verbos terminados em ‘ger’, ‘gir’: eleger, agir, fugir, reagir, corrigir
* usamos ‘j’ nas terminações ‘aje’: laje, ultraje
* usamos ‘j’ nos derivados de palavras com ‘j’: laranjeira (laranja), lojista (loja), lisonjeiro (lisonja)
* usamos ‘j’ nos verbos terminados em ‘jar’ e seus derivados: desejo, desejar
* usamos ‘j’ em palavras de origem africana e indígena: pajé, jequitibá, Moji, jenipapo.


10 – Quando for usar ‘s’ ou ‘z’, ambos com som de ‘z’, vale consultar o dicionário ou, em alguns casos, lembrar umas regrinhas que podem auxiliar:
* usa-se o ‘s’ em adjetivos terminados em ‘oso’, ‘isa’, ‘osa’: gostoso, saborosa, cheirosa, majestosa, poetisa, sacerdotisa
* usa-se ‘s’ nos sufixos ‘ês’, ‘esa’, que indicam título ou origem como: português, francês, marquês, inglesa, escocesa, baronesa
* usamos ‘s’ nas formas dos verbos ‘pôr’ e ‘querer’ e seus derivados: quiser, puser, quisesse, pusesse, quis, pus
* usamos ‘s’ em geral depois de ditongos: maisena, pousar, paisagem, coisa
* usamos ‘s’ nos diminutivos de palavras escritas com s: Luisinho (Luis), coisinha (coisa), paisinho (país), lapisinho, camponesinho (camponês)
* usamos ‘z’ em palavras terminadas em ‘ez’, ‘eza’ quando os substantivos derivam de adjetivos: nobreza (nobre), beleza (belo), riqueza (rico), rapidez (rápido), maciez (macio), surdez (surdo)
* usamos ‘z’ em palavras terminadas em ‘izar’ quando a palavra de origem não tem s: realizar (real), economizar (economia), uniformizar (uniforme), hospitalizar (hospital), utilizar (útil)
* usamos ‘z’ em palavras que terminam em ‘triz’: matriz, atriz, imperatriz, embaixatriz.


11 – Existem algumas palavras que, por causa de sua língua de origem, são escritas com ‘h’ inicial. Cuidado com elas! Dica: seus derivados também são escritos com ‘h’:
* horta, humano, horror, hora, hormônio, hoje, habitação, hábito, harmonia, haver, hematoma, hepatite, herdeiro, herói, hidratar, higiene, hipertensão, honesto, honra, horizonte, humor, hospital


12 – As letras ‘e’ e ‘i’ provocam confusão principalmente ao escrever verbos, por isso observe as orientações:
*quando o verbo terminar em ‘aor’ ou ‘uar’, escrevemos suas formas com e: abençoe (abençoar), perdoe (perdoar), atue (atuar) continue (continuar)
* quando o verbo terminar em ‘air’, ‘oer’, ‘uir’, escrevemos algumas de suas formas com i: cai (cair), sai (sair), dói (doer), mói (moer), rói (roer),atribui (atribuir), distribui (distribuir), possui (possuir).
Em alguns casos a oposição entre ‘e’ e ‘i’ cria significados diferentes:
arrear – pôr arreios emergir – vir à tona, sair da água
arriar – abaixar, desistir imergir - mergulhar
delatar – denunciar emigrar – sir do país ou de sua região natal
dilatar – alargar, aumentar imigrar – entrar em país estrangeiro
descrição – ação de descrever eminente - importante
discrição – qualidade da pessoa discreta iminente – próximo, prestes a acontecer
descriminar – absolver de um crime
discriminar – separar, estabelecer diferença


13 – Existem ainda algumas palavras que possuem sons parecidos, mas, para elas não vamos estabelecer regras, apenas observe os exemplos a seguir:
‘ei’ – cabeleireiro, beira, madeireira, ameixa, pandeiro, manteiga, jornaleiro
‘e’ ou ‘i’ – periquito, empurrão, pepino, esvaziar, emprego, esvaziar
‘li’ ou ‘lh’ – família, mobília, utensílio, sandália, cílios, baunilha, cartilha, chocalho, assoalho
‘ç’ ou ‘ss’ – tradução, invenção, manutenção, discussão, sucessão, regressão, opressão
‘o’, ‘u’ ou ‘ou’ – ourives, matadouro, couro, crioulo, cotovelo, polir,esgoelar, bueiro, escapulir

ORTOGRAFIA –Sugestões de atividades

As atividades podem ser mimeografas, xerocadas ou digitadas e distribuídas aos alunos. Na falta desses recursos, colocar na lousa. Os alunos poderão pintar os desenhos sugeridos.

O x tem 5 sons diferentes. Distribua as palavras abaixo em colunas de acordo com o som:
pirex - crucifixo - auxiliar - xarope - exame - tórax - exclamações - peixe - durex - boxe- trouxe - xícara - lixo - excursão - táxi - exército - máximo - próximo - peixaria - Alexandre - sexta-feira - explosão.

Sugestões -
1- Colocar na folha cinco balões bem grandes e escrever no alto de cada , um dos sons que a letra x pode ter: ch - s - ss - z - ks . O aluno deverá agrupar as palavras no balão de acordo com o som.
2- Fazer 5 colunas e escrever no alto de cada , um dos sons que a letra x pode ter: ch-s-ss-z e ks. O aluno deverá colocar em cada coluna as palavras de acordo com o som.

Sugestão - Desenhar na folha duas escadas com 7 degraus cada uma, colocando sobre uma a letra G e sobre a outra, a letra J. Os degraus deverão ser largos e compridos, pois em cada um vai ser escrita uma palavra. O desenho poderá ser feito na lousa para que o aluno o copie em seu caderno.

Atividade

Complete as palavras com G ou J e depois as coloque nas escadas correspondentes:
1- _____ente
2- via_____ar
3- ma_____estade
4- ve_____etais
5- rea_____iu
6- _____eito
7- su_____eito
8- re_____ião
9- su_____eira
10- a via_____em
11- _____eléia
12- in_____eção
13- estran_____eiro
14- tra_____e

Sugestão - Desenhar um coelho bem grande e ao seu lado, um ovo de Páscoa bem grande, de modo que caibam 7 linhas no interior de cada desenho. Em cada linha vai ser escrita uma palavra.
Atividade

Coloque as palavras com X dentro do coelhinho e as com Ch dentro do ovo de Páscoa.
1- en_____ergar
2- _____efe
3- _____eiro
4- _____ícara
5- _____u_____u
6- _____ereta
7- _____eia
8- dei_____ava
9- co_____i_____o
10- _____ave
11- _____arope
12- abaca_____i
13- ria_____o
14- fai_____a

S ou Z ?
1- belo - bele_____a
2- princesa - prince_____inha
3- triste - triste_____a
4- rico - rique_____a
5- casa - ca_____inha
6- inglês - ingle_____a
7- pobre - pobre_____a
8- flor - flor_____inha
9- asa - a_____inha
10- português - portugue_____a
11- animal - animal_____inho
12- brasa - bra_____inha
13- chinês - chine_____a
14- japonês - japone_____a

Sugestão - Desenhar um casa bem grande com telhado, uma porta e uma janela grandes. Fazer umas 6 linhas em cada uma dessas três partes da casa.

Atividade

Colocar as palavras com C no telhado, as com Ç na porta e as com SS na janela da casa.
1- a_____etinar
2- in____entivo
3- alma_____o
4- alcan_____e
5- a_____ude
6- a_____essor
7- ne_____essário
8- a_____ucena
9- ca_____ula
10- Sui_____a
11- in_____erto
12- so_____ego

U ou O ?
1- cap____eira
2- b_____eiro
3- mág_____a
4- ch_____visco
5- p______leiro
6- p_____lenta
7- tab_____ada
8- táb_____a
9- t_____ssir
10- eng_____lir
11- f_____cinho
12- jab____ticaba

Sugestão - Desenhar um cachorro e uma tartaruga bem grande na folha. Colocar linhas no corpo de cada um, escrever no alto da cabeça do cachorro - O - e no alto da cabeça da tartaruga - U - , para que os alunos escrevem as palavras com o n cachorro e com u na tartaruga.

S,Z ou X ? ( som de [z])

1- e_____ato 2- certe_____a
3- va_____o 4- va_____io
5- ve_____es 6- qui____er
7- e_____agero 8- ê____ito
9- arra_____ar 10- ami____ade
11-e____igência 12- e_____ibir
13- mole___a 14- pe____o
15- e___ílio 16- co____inha
17- bri___a 18- li___o

Sugestão - Desenhar na folha 3 balões bem grandes, colocar linhas dentro. Embaixo do primeiro escrever - S - , do segundo - Z- e do terceiro - X- , para que o aluno coloque dentro do balão , as palavras preenchidas corretamente.

X ou XC ?

Sugestão - Desenhar um trenzinho com dois vagões. Dentro de cada um, colocar seis linhas. Em cima do primeiro vagão escrever - X - e do segundo, - XC-, para que o aluno coloque neles as palavras preenchidas corretamente.

Atividade

Coloque X ou XC nas palavras:
1- má_____imo
2- e___esso
3- e____edente
4- trou____e
5- au_____ílio
6- e_____eção
7- e_____elente
8- pró_____ima
9- apro____imação
10- e____edia
11- pro____imidade
12- e____epcional

Loteria Ortográfica

Sugestão - Numa folha, traçar uma cartela de loteria com três colunas verticais e treze linhas horizontais. No alto da primeira coluna , escrever - SS - , da segunda, - Ç - e da terceira, - S - . Do lado direito das colunas , do lado de fora, escrever em cada linha horizontal, as palavras que se seguirão abaixo. O aluno deverá marcar com um X a alternativa correta, na coluna correspondente.
1- pa_____agem
2- ân_____sia
3- al_____a
4- pri____ão
5- alma_____o
6- a_____úcar
7- a_____ude
8- preten____ão
9- ma______agista
10- so_____ego
11- ca_____ula
12- dor____o
13- dan___arino

Mini-loteria Ortográfica

Sugestão - Traçar uma cartela de loteria como na atividade anterior, mas com apenas duas colunas. No alto da primeira escrever - J- e da segunda, - G-.
1- ____íria
2- ori____em
3- pro_____eto
4- desa_____eitado
5- ____elatina
6- en____ôo
7- laran____eira
8- re_____ime
9- ____urado
10- mar_____em
11- tra____eto
12- frá____il
13- sar_____ento

13º Encontro do dia 07/08




Ortografia é a escrita correta das palavras e deve ser ensinada para que o aluno compreenda e utilize as estratégias de adequação ,na escrita, da norma. Essa norma é necessária para que a escrita tenha uma forma unificada, facilitando assim a identificação das palavras, sua compreensão e portanto, a comunicação.




Os alunos cometem muitos erros de grafia por vários motivos, entre os principais:




* acreditam que escrita é correspondente aos sons da fala, desconsiderando que muitas letras podem tem vários sons e que muitos sons podem ser representaods por letras diferentes;


* não se preocupam em pesquisar quando têm dúvidas quanto ao uso de uma ou outra letra;


* não mantém hábito de leitura que elimina muitas dúvidas recorrendo à memória visual da palavra escrita (já vista várias vezes antes);




Algumas das melhores estratégias didáticas para ensinar ortografia são:




* desafios com jogos ortográficos (cruzadinhas, caça-palavras, preencher lacunas, loteria ortográfica, forca, completar frases ou textos com determinado grupo de letras etc);


* auto ditado (que o aluno escreve as palavras olhando as gravuras);


* ditado mudo (que o professor mostra o objeto e o aluno só escreve o nome);


* exercícios dirigidos (exercícios escritos envolvendo dificuldades ortográficas);


* redações com auto correção ou código de correção (a ortografia, nesse caso, é apenas mais um item a ser observado pelo aluno ao fazer a auto correção), um ótimo exemplo disso é o projeto Olho vivo, da colega Giselle, que consiste em dar a redação para um colega marcar a lápis onde estão os erros que o autor deve observar melhor e corrigir;


* banco de palavras ( cada aluno faz uma espécie de caderninho, onde anota todas as palavras que vai descobrindo ou corrigindo ao longo do ano letivo, e consulta cada vez que precisa usar novamente alguma delas, como um dicionário ortográfico);


* código das carinhas ( o professor faz um código das carinhas alegre e triste, alegre quando o aluno escreve toda a frase corretamente e triste quando erra alguma palavra, quando aparece a carinha triste o aluno deve pesquisar qual a palavra errada e como seria escrita corretamente);


* palavra intrusa (cada aluno deve procura no grupo de apalvras qual e a intrusa e porquê, exemplo: casa, fazer, exame, sofá - a palavra é sofá porque não tem o som de "Z");


* as 'pérolas' das redações ( o professor escreve no quadro os principais erros ortográficos ocorridos nas redações da semana, sem citar os autores, é claro. Os alunos discutem e corrigem os erros sem se expôr).




Na escola é comum as pessoas acharem que o ensino de língua portuguesa como norma padrão é como o ensino de uma segunda língua, devido a discrepância entre a língua falada no cotidiano e a lígua padrão. Discordo plenamente e como professora de língua portuguesa e inglesa posso afirmar que ensinar a língua portuguesa é árduo, sim. É diferente sim, e muito. Mas depende mesmo é do preparo do professor em saber conduzir o estudo da linguagem. O problema não é ensinar ou não gramática e sim como ensinar. A gramática estuda particularidades da língua que podem ajudar o aluno a aperfeiçoar sua capacidade de comunicação, interpretação e uso da língua. É claro que o professor deve pesquisar muito para fazer um trabalho que se apóie não só nos estudos gramaticais, mas também nos estudos linguísticos. Ou seja, o professor deve se preparar muito mais para interagir com o aluno ampliando as compatências interacional e gramatical desse no contexto da sala de aula e também em quaisquer outros que ele venha participar. Ensinar língua é isso mesmo. Valorizar o que o aluno traz, mostrar a ele que toda variação é importante para a comunicação, inclusive o que a gramática descreve (que não precisa ser decorado, mas compreendido), e como se adequar a qualquer situação comunicativa que o uso da língua possa exigir.


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

12º Encontro do dia 31/07

Como eu já escrevi antes sobre os tipos e gêneros textuais, hoje só vou me ater a breves explanações antes de expor meus textos escolhidos para a atividade dos poemas enlatados.
Os tipos textuais fundam-se em critérios internos linguísticos e formais, têm previsão na escolha do léxico, base na estruturação linguística, número restrito e são estáticos. São estes:
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-narração - sequência de fatos
-descrição - sequência de localização
- exposição - sequências analíticas
- argumentação - sequências contrastivas explícitas
- injunção - sequências imperativas
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Os gêneros fundam-se em critérios externos sócio-comunicativos e discursivos, são orientados para um fim específico, têm formato estável, histórico e número bastante amplo. São alguns dos principais exemplos:
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carta pessoal, bilhete, receitas culinárias, bulas de medicamentos, lista telefônica, piada, lista de compras, e-mail, horóscopo, história em quadrinhos, manual de instrução, poemas, prefácio, classificados, notícias, intimação, boletim de ocorrência, atas, relatórios, dicionários, entrevistas...
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Meus poemas enlatados:
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Amor Bastante
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quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
(Paulo Leminski)
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Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
(Paulo Leminski)
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"PRECISA-SE"
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Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
(Clarice Lispector)
.
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Presença
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É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o ventodas horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
(Mario Quintana)
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O teu riso
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Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por verque a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros soltao teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosada minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
(Pablo Neruda)
.
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Ausência
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Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como uma nódoa do passado.
Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei sócomo os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém
porque poderei partir
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.
(Vinicius de Moraes)
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Reconhecimento do Amor
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...Levou tempo, eu sei, para que o Eu renunciasse
à vacuidade de persistir, fixo e solar,
E se confessasse jubilosamente vencido,
Até respirar o júbilo maior da integração.
Agora, amada minha para sempre,
Nem olhar temos de ver nem ouvidos de captar
A melodia, a paisagem, a transparência da vida,
Perdidos que estamos na concha ultramarina de amar.
(Carlos Drummond de Andrade)
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Ser poeta
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Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca)
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O Artista Inconfessável
.
Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre o fazer e não fazer mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer que é inútil:
nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo que ele é inútil,
e bem sabendo que é inútil e que seu sentido não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil do que não fazer,
e dificilmente se poderá dizer com mais desdém,
ou então dizer mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.
(João Cabral de Melo Neto)
.
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Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
(Fernando Pessoa)
.

11º Encontro do dia 03/07

O gênero poeisa pode assumir muitas facetas e abrigar outros gêneros. É assim que ocorrem os gêneros híbridos. Como é interessante apresentá-los aos alunos! Alguns textos para o trabalho sobre gêneros e tipos textuais:


Em seu livro "Classificados Poéticos" Roseana Murray faz alguns anúncios poéticos, leia as poesias e veja as ofertas.

Colecionador


Colecionadorde cheiros troca
um cheiro de cidade
por um cheiro de neblina
um cheiro de gasolina
por um cheiro de chuva fina
um cheiro de cimento
por um cheiro de orvalho no vento.

Equilibrista

Procura-se um equilibrista
que saiba caminhar na linha
que divide a noite do diaq
ue saiba carregar nas mãos
um fino pote cheio de fantasia
que saiba escalar nuvens arredias
que saiba construir ilhas de poesia
na vida simples de todo o dia.

Agora é a sua vez.
O que você teria para trocar? O que está procurando? Faça seus anúncios!

Troca-se!
Troco uma bicicleta por ________
Troco um pássaro na gaiola por _________
Troco um gato manhoso por____________
Troco__________ por uma festa animada.
Troco __________ por um prato de batatas fritas.
Troco__________ por ______________
Troco __________por ______________

Procura-se!
Procuro um vizinho que _____________
Procuro uma cozinheira que ______________
Procuro um amigo que ______________
Procuro ___________que _____________
Procuro ___________que _____________

Veja só as paródias desses alunos usando os textos da Roseana Murray como modelo:

Classificados Poéticos

Vende-se um apartamento encantado,
No centro daquela cidade
Tem dois lindos sabões
Para pessoas de qualquer idade.

Tem uma bela lareira,
No canto da sala
Para você se esquentar
Em dias de geada.

Se você tiver interessado
Venha logo para cá,
Não demore, meu amigo
Pois sem apartamento vai ficar.
(Jean Carlos da Costa – 3ª série)

Classificados Poéticos


Vende–se uma taça encantada
Cheia de alegria
Que para quem está
Precisando é uma ótima
Companhia.

Vende-se um coração velho
Mas que um dia já foi jovem,
Alegre feliz contente e com
Muito talento
Quem quiser verá que
Ainda existe muito conhecimento

Precisa-se de uma criança
Inocente, que mostre ao
Mundo o caminho da
Felicidade, paz, e da verdade
E que ilumine a todos
Com sua inocência fazendo- nos
Por a mão na consciência...
(Rafaela Soares Ribeiro – 3ª série)

Classificados Poéticos


Troco uma Belina vermelha
Por um jegue cor de ovelha
Quero que ele me leve para o infinito
E que galope a Deus dará
Pois já me cansei deste engarrafamento.

Compra-se um fusca importado.
Vende-se um carro roubado,
Fazemos todos os tipos de negócio.
Cada venda um novo sócio.
E cada sócio, um novo problema.
Tem bicicleta de todas as cores também
Vendemos flores.
Alecrim, rosas, violeta.
E também temos flores pretas.

Vende-se uma casa de dois pisos que o
Chão é todo liso e leva junto de brinde
Um grupo de amigos.

Vende-se na loja do tio João arroz, feijão,
Batata e macarrão, mas ele também troca
Tudo isso por um grande e belo avião.

Troco um boi pintado
Por um burro peçonhento
Um burro que seja lento
Mas que seja orientado
E que no seu trote
Não me quebre o cangote...
(Jaqueline Savoldi, Lucas Robaert, Vitor Casagrande, Wesley dos Santos – 3ª série)

Classificados Poéticos


Vende-se uma chácara encantada na beira de um lago
Tem duas áreas de lazer nas quais tem churrasqueiras e piscinas.
Até parece um reino Encantado.
Há! Uma trilha que é uma beleza
Onde você poderá conhecer os encantos da natureza.

Precisa-se de atletas para a taça La Salle
Que sejam alegres e dispostos, isso tudo vale.
O prêmio será um troféu em forma de véu.
E a torcida em coro cantava: Vale! Vale! La Salle!

Precisa-se de 11 jogadores
Para formar um time de futebol
Todos são trabalhadores
E também gostam de jogar handbol.

Vendem-se duas plantas encantadas
Com um jardim muito bonito
As mulheres ficam impressionadas
E os homens dando risada.

Procuram-se meninos e meninas
Para fazer várias equipes
Os meninos jogam com azul
E as meninas com rosa -pinque.
(Maiara Weirich, Willian Rodrigues – 3ª série)

A Carta

Exaltasamba

Não existem mais palavras

Que eu possa escrever
Pra falar de tanto amor
Entenda por favor
Que uma carta é muito pouco
Para revelar o retrato da tristeza
E a cicatriz da saudade
Que você deixou no meu peito
Tatuagem de amor, não tem jeito
Nunca vai sair de mim esta dor
Entenda o que eu vou te dizer
(Dois pontos)
Vem de volta pro meu coração
(Exclamação)
Não posso viver sem você
Não tenho razão nem porquê
Me acostumar com a saudade
Nem vírgula vai separar
Nessa oração
Teu nome da minha paixão
Não leve a mal
Eu sei que não sou escritor
É só uma carta de amor
De alguém que te quer de verdade

A carta
Legião Urbana

Escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor

Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias mas quem sabe até dará
Resposta imediata me chamando de "Meu Bem"
Porém o que me importa é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém
Tanto tempo faz, que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano sem te ver, um ano sem te amar
Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesses só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu...
Tanto tempo faz, que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano sem te ver, um ano sem te amar
Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesses só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu...

Poesia - notícia
JTParreira

Já a noite caiu do céu e a Ásia
vista do universo
é um continente imerso no escuro
a África aguarda que o planeta role
para se vestir também de negro
e depois a Europa
mais tarde a América sem o sol
para sair da noite
consome as próprias luzes
e alguém
morre de fome
de 3,6 em 3,6
segundos.


Receita de poesia
Homo Poyesis

INGREDIENTES:

- Papel
- Caneta
- Palavras
- Tempero
- Tempo
- Espaço
- Flores
- Aquele Momento

MODO DE PREPARO:

Faça uma viagem para dentro de si mesmo.
Procure no âmago de seu ser, um espaço para uma experiência extraordinária.
Acredite nesse espaço. Seja esse espaço! Mergulhe na imensidão do infinito que o seu corpo é. Chegou? Pois bem, esse lugar chama-se: Eterno Vazio de Lugar Nenhum. É de lá que surge tudo aquilo que essencialmente é, matéria prima de poesia.

Misture todos os ingredientes numa folha de papel em branco, esquecida no fundo de uma gaveta velha, desgastada com o tempo; tempo de poesia.

O tempo no qual o próprio tempo não se inscreve; O tempo no qual o próprio tempo não inscrito se encontra. É o tempo de tempo nenhum. É todo o tempo.

E nesse instante você encontra-se em pleno estado de devaneio poético, enquanto a massa se constrói sobre o papel empedernido de memórias, em códigos e palavras. Palavras que não são apenas palavras; Palavras que são temperos e que são o tempo todo, tudo aquilo que ainda não é, e o que as próprias palavras não conseguem significar. Tempo que se constrói no tempo nenhum, no vazio do tempo. O vazio que não é o nada, pois o nada em si não existe, e por e assim o é. O nada é no não existir.

Como uma massa de rabiscos; Uma massa de rabiscos acrescida de temperos e palavras.

Agora deixe essa massa descansar em banho-maria com flores.

Pegue lírios, orquídeas e camélias. Pegue também jasmins. As flores darão o aroma essencial à poesia e exalarão através desse aroma a beleza de doces melodias que lembrarão cânticos de pequenos pássaros no amanhecer de uma primavera exuberante. Assim, a massa já estará pronta para ir ao forno, e penetrar nas entranhas encobertas pela própria pele.

A poesia estará pronta no tempo em que o seu tempo determinar. Não é mais nem menos, é o seu tempo. É o tempo de sua poesia.

Quanto à caneta...Esqueça-a. Não há receita que seja completa sem o toque da singularidade; não há canetas no universo que possam registrar o valor da verdadeira poesia, porque a verdadeira poesia está sempre se rabiscando no Eterno Vazio de Lugar Nenhum, sob o cântico dos pássaros, à luz de sua sensibilidade, no calor de seu peito. A essência da poesia não se permite escrever. Não existe receita!

A verdadeira poesia não tem que ser nada, nem em palavras, nem em rabiscos, pois ela simplesmente é; a verdadeira poesia não pode ser significada pela metafisica das palavras, nem pela vaidade dos códigos. Ela deve ser como a massa ainda crua do pão, que pode ser sempre transformada, conforme o tempo, conforme a música, conforme a insensatez virtuosa do ser, ou como uma folha de papel em branco, esquecida no fundo de uma gaveta velha, sem cor, sem palavras, sem nada, sempre em constante estado de Poesia.

A verdadeira poesia deve ser degustada quentinha e apreciada com a verdade da alma. Sempre que precisar, busque sempre uma receita nova no íntimo de sua sabedoria, no seu coração, uma reserva infinita de poesias que alimenta nossas vidas

Feijoada à moda de Vinícius de Moraes

Receita que o poetinha dedicou a Helena Sangirardi , autora de livros de culinária .Publicado na revista MANCHETE .

Amiga Helena Sangirardi,
Conforme um dia eu prometi
Onde, confesso que esqueci,
E embora _ perdoe_ tão tarde.
(Melhor que nunca!) este poeta,
Segundo manda a boa ética,
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho,
O feijão deve , já catado,
Nos esperar, feliz, de molho.
E a cozinheira, por respeito
À nossa mestria na arte,
Já deve ter tacado peito,
E preparado e posto à parte
Os elementos componentes
De um saboroso refogado
Tais: cebolas, tomates, dentes
De alho _ e o que mais for azado.
Tudo picado desde cedo,
De feição a sempre evitar
Qualquer contato mais … vulgar
Às nossas mãos de aedo
Enquanto nós, a dar uns toques
No que não nos seja a contento,
Vigiaremos o cozimento
Tomando o nosso uisque on the rocks.
E_atenção!_ segredo modesto,
Mas meu, no tocante à feijoada:
Uma lingua fresca, pelada,
Posta a cozer com todo o resto.
Feito o que, retira-se caroço
Bastante, que bem amassado
Junta-se ao belo refogado,
De modo a ter-se um molho grosso
Que vai de volta ao caldeirão,
No qual o poeta , em bom agouro,
Deve esparzir folhas de louro
Com gesto clássico e pagão.
Inútil dizer que, entrementes,
Em chama à parte dessa liça
Devem fritar todos contentes,
Lindas rodelas de linguiça.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio),
Nós bocejando o nosso tédio,
Nos chegaremos ao fogão.
E em elegante curvatura:
Um pé adiante e o braço às costas,
Provaremos a rica negrura,
Por onde devem boiar postas
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho,
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
Enquanto ao lado, em fogo brando
Dismilinguindo-se de gozo,
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso.
Em cuja gordura, de resto,
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve picada, em fogo alegre e presto.
Uma farofa? _ tem seus dias…
Porém que seja na manteiga!
A laranja, gelada, em fatias,
(Seleta ou da Bahia) _ e chega.
Só na última cozedura,
Para levar à mesa, deixa-se
Cair um pouco da gordura
Da linguiça na iguaria _ e mexa-se
Que prazer um corpo pede
Após ter comido um tal feijão?
_Evidentemente uma rede
E um gato para passar a mão…
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta…_jamais!
Abraça-a em Brillat-Savarin
O seu Vinicius de Moraes.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Encontro do dia 01/07 - Fórum sobre heranças da leitura

Minhas influências como leitora

Eu comecei aprender a ler muito nova, com uns 5 anos de idade, primeiro com a ajuda de minha mãe, que era dona de casa e dispunha de tempo para me ensinar as letrinhas e depois com o precioso auxílio de minha tia, irmã dela, que na época era alfabetizadora e se encantou com o meu empenho em ler e escrever. Elas me consideravam muito inteligente e me estimularam muito. A minha mãe fazia economias para comprar coleções de capa dura dos livros da Bíblia para crianças e histórias infantis, geralmente contos de fadas e minha tia, além de me estimular bastante nas "tarefinhas escolares" que me dava antes de eu ir à escola, tinha um tesouro de livros em casa e uma coleção de gibis da Turma da Mônica que me tomavam horas de leitura sempre que a visitava. Como eu estava despertando o interesse de minha família, tamanha a facilidade em aprender e o prazer que sentia em ler, minha irmã que era professora e atuava em biblioteca pública, começou a investir em mim comprando livros ou trazendo emprestados os melhores títulos para crianças que encontrasse. Assim tive a oportunidade de conhecer as edições de Pollyana menina e Pollyana moça, O pequeno príncipe, O menino do dedo verde, As aventuras de Gulliver, vários livros de Júlio Verne, além de vários outros clássicos da literatura universal infantil do nosso e de vários outros países. Meus pais não tiveram muito acesso aos estudos, mas meu pai comprava o jornal todo domingo e lia sentado no sofá, às vezes em voz alta para que soubéssemos das notícias. Ele dizia a seu modo simples, que era melhor ler devagarzinho a notícia no jornal do que assistir na TV que nem dava tempo para pensar. Até hoje achoincrível como em sua sinplicidade ele podia ser tão sábio! Por causa desses hábitos, meus pais sempre se mostraram muito críticos e inteligentes, embora não fossem tão letrados devido à falta de oportunidade para estudarem enquanto eram jovens. Mas como davam valor à leitura, aos cálculos mentais e aos estudos!!! Minha mãe comprava coleções de revistas coquetel de passatempos dos mais difíceis e me desafiava (até hoje ela faz isso...) a responder mais do que ela. Ela me desafiou tanto a aos meus irmãos que todos nós estudamos muito e nos formamos em diversas áreas, mas não só por necessidade de entrar no mercado de trabalho, mas essencialmente pelo prazer de estudar, de usar a mente, de se manter atualizado, crítico, criativo, politizado, atuante e imaginativo.

10º Encontro do dia 26/06

A relação entre oralidade e escrita no estudo dos gêneros

Antes vamos falar em oralidade. Observe, como exemplos, as mentiras mais comuns no discurso de cada um. Percebe-se facilmente a intencionalidade no uso das palavras:

ADVOGADO: - Esse processo é rápido.
AMBULANTE: - Qualquer coisa, volta aqui que a gente troca.
ANFITRIÃO: - Já vai? Ainda é cedo!
ANIVERSARIANTE: - Presente? Sua presença é mais importante
ASSISTÊNCIA TÉCNICA: - Foi o carvão do motor e problema de pico na fonte.
BÊBADO: - Sei perfeitamente o que estou dizendo.
CASAL SEM FILHOS: - Visite-nos sempre; adoramos suas crianças.
CONTADOR: Tá batendo tudo.
CORRETOR DE IMÓVEIS: - Em 6 meses colocarão: água, luz e telefone.
DELEGADO: - Tomaremos providências.
DENTISTA: - Não vai doer nada.
DESILUDIDA: - Não quero mais saber de homem.
DEVEDOR: - Amanhã, sem falta!
ENCANADOR: - É muita pressão que vem da rua.
FILHA DE 19 ANOS: - Dormi na casa de uma colega.
FILHO DE 19 ANOS: - Antes das 11 estarei de volta.
GERENTE DE BANCO: - Trabalhamos com as taxas mais baixas do mercado.
INIMIGO DO MORTO: - Era um bom sujeito.
JOGADOR DE FUTEBOL: - Vamos continuar trabalhando e forte.
LADRÃO: - Isso aqui foi um homem que me deu.
LOCUTOR DE TV: - E até a próxima semana, neste mesmo horário.
MECÂNICO: - É o carburador.
MUAMBEIRO: - Tem garantia de fábrica.
NAMORADA: - Pra dizer a verdade, nem beijar eu sei...
NAMORADO: - Você foi a única mulher que eu realmente amei.
NOIVO: - Casaremos o mais breve possível!
ORADOR: - Apenas duas palavras...
OTIMISTA: - Os últimos serão os primeiros...
PEIXEIRO: - Pode levar freguesa; está fresquinho...
POBRE: - Se eu fosse milionário espalhava dinheiro pra todo mundo...
RECÉM-CASADO: - Até que a morte nos separe.
SAPATEIRO: - Depois alarga no pé.
SOGRA: - Em briga de marido e mulher não me meto.
VAGABUNDO: - Há 3 anos que procuro, mas não acho nada.
VICIADO: - Essa vai ser a última.

Assim como escolhemos as palavras certas para usar em determinada situação comunicativa, escolhemos o gênero que melhor se adequa às nossas intenções, tanto na oralidade como na escrita. Lá vai outro exemplo bem interessante que explora a intencionalidade dos meios de comunicação:

Existem diferentes maneiras de contar a mesma história.

A do chapeuzinho vermelho, por exemplo, seria noticiada assim:

JORNAL NACIONAL
(William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem... '.
(Fátima Bernardes): '... Mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia'.
PROGRAMA DA HEBE
(Hebe): '... que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?'
CIDADE ALERTA
(Datena): '... onde é que a gente vai parar... cadê as autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva...Um lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não. '
REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.
REVISTA CLÁUDIA
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
REVISTA NOVA
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.
FOLHA DE S. PAULO
Legenda da foto: 'Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador'. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
O ESTADO DE S. PAULO
Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.
O GLOBO
Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor de idade carente.
ZERO HORA
Avó de Chapeuzinho nasceu no RS.
AQUI
Sangue e tragédia na casa da vovó!
REVISTA CARAS
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte):
Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: 'Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa'
PLAYBOY
(Ensaio fotográfico no mês seguinte):
Veja o que só o lobo viu.
REVISTA ISTO É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.
G MAGAZINE
(Ensaio fotográfico com lenhador):
Lenhador mostra o machado!
SUPER INTERESSANTE
Lobo mau! Mito ou verdade?
DISCOVERY CHANNEL
Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.

9º Encontro do dia 19/06

Gêneros e tipos textuais na escola

É importante estudá-los porque os alunos precisam ter contato com o maior número de textos variados possível, para ser capaz de classificá-los, de entender a situação comunicativa envolvida em cada um e de ser capaz de produzir essa variedade de textos, o que gera um envolvimento cada vez maior dos alunos com as possibilidades de comunicação em nossa língua. É interessante provocar produções e leituras que explorem essa enorme variação de gêneros e tipos existente em nossa linguagem. Seguem abaixo algumas considerações e o texto produzido por mim e Nerinete no encontro:

Gêneros e tipos textuais: considerações necessárias sobre o tema

Os gêneros textuais transformam-se em instrumentos da ação social. A escola pode didatizar esse processo a fim de propiciar ao aprendiz um contato mais eficaz e mais adequado com a ação lingüística diária. Nisto se baseia a essência do trabalho com gêneros em sala de aula em todos os níveis do ensino desde o nível fundamental até o Terceiro Grau.
Num discurso existem, segundo Aristóteles, três tipos de ouvintes que operam: (i) como espectador que olha o presente; (ii) como assembléia que olha o futuro e (iii) como juiz que julga sobre coisas passadas.
E a estes três tipos de julgamento Aristóteles associa três gêneros de discurso retórico: (i) discurso deliberativo; (ii) discurso judiciário e (iii) discurso demonstrativo. Do ponto de vista funcional, o discurso deliberativo servia para aconselhar / desaconselhar, e voltava-se para o futuro por ser exortativo por natureza; já o discurso judiciário tem a função de acusar ou defender e reflete-se sobre o passado, enquanto o discurso demonstrativo tem caráter epidítico, ou seja, de elogio ou censura, situando-se na ação presente.
Assim, a análise de gêneros engloba uma análise do texto e do discurso e uma descrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sócio-cultural no uso da língua de uma maneira geral. O trato dos gêneros diz respeito ao trato da língua em seu cotidiano nas mais diversas formas. E se adotarmos a posição de C. Miller (1984) podemos dizer que os gêneros são uma “forma de ação social”. Eles são um “artefato cultural” importante como parte integrante da estrutura comunicativa de nossa sociedade.
uma categoria cultural
um esquema cognitivo
uma forma de ação social
uma estrutura textual
uma forma de organização social
uma ação retórica
Uma das teses centrais aqui é a de que é impossível não se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é impossível não se comunicar verbalmente por algum texto. Em outros termos, a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Daí a centralidade da noção de gênero textual no trato da produção lingüística.
Não vamos discutir aqui se é mais pertinente a expressão “gênero textual” ou a expressão “gênero discursivo” ou “gênero do discurso”. Vamos adotar a posição de que todas essas expressões podem se usadas intercambiavelmente.
Tipo textual designa uma espécie de seqüência retórica subjacente definida pela natureza lingüística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo}. O tipo caracteriza-se muito mais como seqüências lingüísticas (seqüenciação de enunciados, um modo retórico) do que como textos materializados; a rigor, são modos textuais.
Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.
Domínio discursivo constitui muito mais uma “esfera da atividade humana” no sentido bakhtiniano do termo do que um princípio de classificação de textos e indica instâncias discursivas (por exemplo: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso etc.). Não abrange um gênero em particular, mas dá origem a vários deles, já que os gêneros são institucionalmente marcados. Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou específicos como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradoras de relações de poder.
Na noção de tipo textual predomina a identificação de seqüências lingüísticas como norteadora; e para a noção de gênero textual predominam os critérios de padrões comunicativos, ações, propósitos e inserção sócio-histórica. No caso dos domínios discursivos não lidamos propriamente com textos e sim com formações históricas e sociais que originam os discursos.
Não há uma dicotomia entre Gênero e tipo. Trata-se duma relação de complementaridade. Ambos coexistem e não são dicotômicos. Todos os textos realizam um gênero e todos os gêneros realizam seqüências típicas. Por isso mesmo, os gêneros são em geral tipologicamente heterogêneos.
Um telefonema pode envolver argumentações, narrativas e descrições, ou seja, ele é heterogêneo. Podemos, pois, indagar se a noção de telefonema é clara hoje em dia. Observem-se algumas das diversas maneiras de usar o telefone:
há a conversa telefônica (por telefone celular ou fixo) que nós mantemos todos os dias para a nossa mãe, filhos, amigos, colegas de trabalho ao qual chamamos de telefonema;
há o telefonema que mandamos a companhia telefônica dar por nós e se chama de telegrama fonado;
há o telefonema na forma de um recado gravado ou recado em secretária eletrônica;
há os telefonemas de aniversário, casamento etc., através de agências conhecidos como tele mensagens.
Com efeito, há muito mais formas de usar o telefone do que o simples telefonema. O que é então um telefonema (enquanto gênero) diante de tanta variação na forma e nos recursos utilizados?
Esta situação vai repetir-se com a carta, o formulário, o resumo e assim por diante, de modo que a questão de dar nome aos gêneros é algo de enorme complexidade.

A questão da intergenericidade

Viva saudável com os livros DIOGENES
Os Livros Diógenes acham-se internacionalmente Introduzidos na biblioterapia
Posologia:
As áreas de aplicação são muitas. Principalmente resfriados, corizas, dores de garganta e rouquidão, mas também nervosismo, irritações em geral e fraqueza de concentração. Em geral, os Livros Diógenes atuam no processo de cura de quase todas as doenças para as quais prescreve-se descanso. Sucessos especiais foram registrados em casos de convalescença.
Propriedades:
O efeito se faz notar pouco tempo após iniciada a leitura e tem grande durabilidade. Livros Diógenes aliviam rapidamente a dor, estimulam a circulação sangüínea e o estado geral melhora.
Precauções/riscos:
Em geral, os Livros Diógenes são bem tolerados. Para miopia aconselham-se meios de auxílio à leitura. São conhecidos casos isolados nos quais o uso prolongado produziu dependência.
Dosagem:
Caso não houver outra indicação, sugere-se um livro a cada dois ou três dias. Regularidade no uso é o pressuposto essencial para a cura. Leitura diagonal ou desistência prematura pode interferir no efeito.
Composição:
Papel, cola e cores na impressão. Livros Diógenes são ecologicamente produzidos. Neles são usados somente papéis de madeira sem cloro e sem ácidos, o que garante alta durabilidade.
Também no caso de boa saúde garante-se ótima distração.
LIVROS DIOGENES são menos aborrecidos


(1) intergenericidade à um gênero com a função de outro

(2) heterogeneidade tipológica à um gênero com a presença de vários tipos


DEFINIÇÃO DE SUPORTE: entendemos aqui como suporte de um gênero um locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto.
Pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto. Esta idéia comporta três aspectos:
suporte é um lugar físico ou virtual
suporte tem formato específico
suporte serve para fixar e mostrar o texto.

carta pessoal (GÊNERO) → papel-carta (SUPORTE) → tinta (MATERIAL DA ESCRITA) → correios (SERVIÇO DE TRANSPORTE) ...

JORNALISMO [Domínio discursivo]
JORNAL [suporte]
IDEOLOGIA DOS EUA [Formação discursiva]
REPORTAGEM JORNALÍSTICA [gênero]
NEW YORK TIMES [órgão, instituição]
NARRAÇÃO... [Seqüências tipológicas]

EXEMPLOS DE SUPORTES CONVENCIONAIS
(1) Livro
(2) Livro didático
(3) Jornal (diário)
(4) Revista (semanal / mensal)
(5) Revista científica (boletins e anais)
(6) Rádio
(7) Televisão
(8) Telefone
(9) Quadro de avisos
(10) Outdoor
(11) Encarte
(12) Folder
(13) Luminosos
(14) Faixas

ALGUNS EXEMPLOS DE SUPORTES INCIDENTAIS
(1) Embalagem
(2) Pára-choques e pára-lamas de caminhão
(3) Roupas
(4) Corpo humano
(5) Paredes
(6) Muros
(7) Paradas de ônibus
(8) Estações de metrô
(10) Fachadas
Entre outros

SERVIÇOS EM FUNÇÃO DA ATIVIDADE COMUNICATIVA

(1) Correios
Os correios são menos um suporte e mais um meio de transporte ou um serviço.
(2) {Programa de} E-mail
Aqui está um caso curioso, pois se tomarmos o programa “outlook”, por exemplo, teremos sem dúvida um suporte do tipo “correio eletrônico”, mas se tomarmos os e-mails enquanto correlatos das cartas pessoais, teremos um gênero.
(4) Internet
Trata-se de mais um caso limite. O autor trata a Internet como um suporte que alberga e conduz gêneros dos mais diversos formatos. A Internet contém todos os gêneros possíveis.
(5) Home Page e site
Para alguns autores a home Page e até mesmo o site é um gênero, mas para outros é um suporte. Creio que de um modo geral a home Page é um suporte e não um gênero. Não tenho condições de expor argumentos neste caso agora, mas os debates conduzidos em aula me deixaram com alguma clareza quanto a não se considerar este caso como um gênero e sim como um suporte. Além disso, parece claro que a home Page institucional carrega uma série de gêneros.

Classificados de festa junina

Faço sua festa junina bem original!!!
Pacote com:
*Pipoca super salgada,
*Milho tostado,
*Canjica aguada,
*Bolo de mandioca (Mané vestido),
*Quentão frio,
*Pé-de-moleque com bicho de pé,
*Forró bom de briga,
*Quadrilha de bandidos,
*Correio deselegante no auto-falante,
*Barraca da pescaria sem peixe,
*Bingo sem números,
*Barraca do beijo com a famosa atriz Dercy Gonçalves
Obs.: A Nega Maluca não vem porque está fazendo tratamento psiquiátrico.

Você não vai se arrepender!!!

8º Encontro do dia 12/06

Trabalhando com portfólio

Estou achando ótimo. É realmente muito agradável registrar nossas reflexões no portfólio, principalmente aqui no blog. Estou aprendendo muito e sinto que, de alguma forma isso poderá ser útil a quem se interessar em ler. Por isso às vezes posto textos e atividades que nem foram exigidas no curso, além de textos do próprio curso, enviados por minha tutora. Valeu Val, aí vai mais um texto seu:

O portfólio
O portfólio pode ser um meio valioso para os estudantes explorarem como as suas atividades de curso vêm preparando-lhes para as suas experiências reais, no campo pessoal e profissional, como aquelas experiência formais afetam sua educação e como todas elas os afetam e interferem em suas vidas.
Ao utilizar o portfólio, construindo, revendo-o e o aperfeiçoando, o estudante tem oportunidade de:
*Articular claramente o que realiza no curso e fora dele;
*Traçar conexões entre suas experiências e aquisições ou realizações;
*Registrar experiências que poderia esquecer ou subestimar, assegurando retomadas de temas, problemas não resolvidos, avanços e replanejamento;
*Aumentar seu nível de autoconhecimento e confiança;
*Visualizar aspectos principais que emergem em suas áreas de estudo e de interesse, que o ajudará a tirar o maior proveito das oportunidades no curso e em qualquer outro lugar;
*Trazer uma grande clareza de propósito e mais alto nível de motivação para o curso, em situações formais e informais, bem como para outros tipos de ambientes de aprendizagem;
*Demonstrar suas competências à medida que assume posições de participante e/ou de liderança no curso, na comunidade, nas experiências de pesquisa e trabalho;
*Ser capaz de melhorar substancialmente seu conhecimento, suas decisões e escolhas.

Atividades comuns na composição do portfólio:
*Identificação
*Apresentação
*Memorial reflexivo (quem sou eu /marcos profissionais)
*Relatos reflexivos dos temas discutidos
*Atividades práticas com reflexão
*Avaliação pessoal do curso
*Considerações finais
Obs.: A produção de outras atividades para o portfólio, além das comuns, é livre, inclusive em linguagens diferentes.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Encontro do dia 05/06 Oficina de idéias

Trabalhando inglês com alunos DAs
Eu já trabalho com alunos portadores de DA a algum tempo e só esse ano, conversando com a professora intérprete e com a coordenadora da sala de recursos dos DAs da escola surgiu a idéia de uma apostila onde estou acrescentando outras sugestões de atividades pois para mim a inclusão desses alunos é questão de honra e nós só podemos fazer de maneira digna se disponibilizarmos condições de aprendizagem que valorizem o potencial deles. Estou animadíssima!!! Pensei a princípio em montarmos um material completo de ensino de línguas, mas como isso leva tempo, o ideal é ir anexando todas as atividades que usarmos para que ao final do ano letivo esteja preparado o primeiro "livrinho".

Imaginei cada unidade começando com um vocabulário em libras e inglês, depois atividades dirigidas e no final os jogos. Assim teríamos:

1-Vocabulary 2-Activities 3-Games

Vocabulary:

Sempre com gravuras e palavras junto, se possível e quando houver, acrescentar a gravura do gesto (no caso de alunos que usam Libras). As estruturas gramaticais são apresentadas ao mesmo tempo das palavras, expressões e diálogos do novo vocabulário.

Activities:

Adaptar as atividades em que seja necessário ouvir e falar ou produzir textos com muitos conectivos. As outras atividades com escrita, recorte, colagem, desenho e pintura estão liberadas.

Games:

É importante variar senão os alunos perdem o interesse pelos jogos. Por isso fiz uma lista de jogos e passatempos interessantes para serem usados individualmente, em duplas e em grupos. Os jogos são confeccionados pelos próprios alunos, nas aulas de LEM a Artes, pois enquanto colorem, recortam, colam, fazem caixinhas para guardar e organizam as peças eles estão memorizando o vocabulário.

1- Jogo da memória: Relacionar palavras e gravuras. Individual ou duplas.

2- Dominó: Parecido com o da memória, relacionando palavras e gravuras. Grupos de até 4 pessoas.

3- Corrida maluca: Avança uma casa quem responde ao comando ou à questão. Em grupos. Quando os alunos não falam, podem usar libras ou fichas com gravuras ou palavras.

4- Palavras cruzadas: Olhando as gravuras escrever as letras nas palavras cruzadas.

5- Caça-palavras: Olhando as gravuras, procurar seus nomes no quadro de palavras.

6- Criptograma: Para letras iguais, símbolos iguais. Esse é legal porque podem usar inclusive o alfabeto de libras...

7- Bingo: O professor com as palavras e os alunos com as gravuras. O professor sorteia cada palavra, ao passo que o aluno que tiver a gravura correspondente deve mostrar a gravura e ir eliminando do jogo. Quem conseguir mostrar todas as suas gravuras primeiro vence. Muito bom!!!

8- Yes/No: O professor mostra uma palavra e uma gravura. Os alunos mostram uma ficha onde está escrito YES, se a palavra corresponde à gravura ou NO, se ele acha que não corresponde. A cada acerto continua no jogo. Vence o último que sair.

9- Passa ou repassa: As fichas do jogo são feitas com gravuras e alternativas de respostas, como numa questão de múltipla escolha. O jogador deve escolher a alternativa correta ou passar a vez para o adversário que também pode escolher ou repassar. Se acertar ganha o ponto, mas se responder errado perde um ponto. Ganha quem tiver mais pontos.

10- Letras embaralhadas: O professor mostra uma gravura ou faz o gesto da palavra, em seguida distribui as letras para os alunos e cada um deve montar a palavra corretamente. Quem acertar a ordem das letras ganha o ponto.

Vejamos se eu consigo esclarecer melhor alguns pontos. Suponhamos que você está ensinando o uso do auxiliar CAN, esportes e atividades comuns do dia-a-dia. Você pede aos alunos que tragam gravuras de esportes, usa essas gravuras para apresentar os nomes dos esportes e também formular perguntas e respostas usando o auxiliar (Can you play soccer? Yes, I can. Can Lúcia dance ballet? No, she cannot. etc) Você faz as perguntas oralmente, mas sempre tendo o cuidado de anotar as respostas abaixo de cada gravura. O que os outros alunos vão perceber oralmente o aluno surdo precisa visualizar nas gravuras, nos gestos, na leitura labial e na reação dos colegas. Quanto mais informações visuais ele tiver, melhor o aprendizado. Se ele manipular jogos, gravuras, objetos e fotografias, melhor ainda. Então, só ao final dessas apresentações você poderá usar um texto que contenha os elementos ensinados. dessa forma ele não terá muita dificuldade para abstrair do texto aquilo que já viu antes na aula.