segunda-feira, 10 de novembro de 2008

21º Encontro do dia 23/10

Retrato de sala de aula _ Fábulas

Segue abaixo um exemplo de plano de aula com atividades de leitura, interpretação e reconstrução textual, usando como texto base a fábula.

Objetivos: Ler, interpretar, identificar elementos narrativos, desenvolver a noção de sequëncia lógico-temporal em narrativas, com a prática da descrição e uso de adjetivos, do tempo verbal, da pontuação e a prática da encenação e do diálogo.

Material: Professora, alunos, textos fotocopiados, exercícios mimeografados, quadro-giz, folhas de papel branco e colorido, canetas e lápis coloridos, cola e tesoura.

Procedimentos:
*leitura silenciosa
*leitura oral
*interpretação oral
*interpretação por escrito
*divisão dos grupos para elaboração do texto encenado
*elaboração do cenário, caracterização dos personagens e ambiente, elaboração do texto para encenação oralmente, confecção dos personagens com desenhos ou dobraduras em papel colorido
*transcrição do texto elaborado incluindo a caracterização do cenário e dos personagens
*apresentações dos textos criados pelos grupos e entrega dos textos escritos para apreciação.

Avaliação: interesse dos alunos na participação do trabalho em grupo e habilidade de aplicar conhecimentos sistêmicos com o objetivo de melhorar o desempenho do grupo e a qualidade do trabalho final.

A barata e o rato
Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas à só imundície e ao monturo, comendo calmamente sua refeição compostoa de um pedaço de batata podre e um pedaço de tomate podre(1). Chegou junto dela um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, como você, comadre, certo jamais encontrará em toda a sua vida." Barata comendo. "O lugar era uma coisa que realmente me deixou de boca aberta" - prosseguiu o Rato - "tão espantoso e tão diferente é de tudo que tenha visto em minha vida roedora"(2). Barata comendo. "Imagina você" - prosseguiu o Rato - "que descobri o lugar por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre entrando aqui e ali numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto-me nela, um pouco amedronatado por não saberonde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. o chão, limpo, que nem espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas, polidas como você não pode imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes sem uma mancha! O teto, claro e branco como se tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados! Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem um palito de fósforo..."
E foi aí que a Barata não se conteve. levou a mão á boca num espasmo e preotestou: "Que mania! Que horror! sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente está comendo!"
Moral: Para o vírus a penicilina é uma doença.
Submoral: A ecologia é muito relativa.
(1) Causando inveja a muita gente.
(2) O rato rói. É sua sina.
(FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1985)
Trabalhando o texto
1- Explique o significado das palavras encontradas no texto: monturo, peste bubõnica, espasmo, penicilina, sina.
2- O que a Barata estava fazendo quando foi abordada pelo Rato?
3- Quais eram as reações da Barata cada vez que o Rato falava? Comprove com trechos do texto.
4- Qual a razão das notas ao pé do texto?
5- Como o Rato descobriu o impressionante lugar?
6- Descreva a cozinha encontrada pelo Rato.
7- Por que o espanto do Rato ao ver a cozinha?
8- Qual foi a reação final da Barata? Por quê?
9- Explique: a) a moral b) a submoral
O texto
O texto humorístico de Millôr Fernandes nos fala sobre a relatividade da vida: o que para uns é lixo, para outros é higiene, ou seja, no caso dessa fábula há uma inversão dos valores do homem.
Fábulas são narrações alegóricas que envolvem a vida de animais e apresentam uma lição de moral. Note que Millôr fernandes inova esse conceito, criando uma submoral.

Nenhum comentário: