quinta-feira, 9 de outubro de 2008

19º Encontro do dia 02/10

No processo de letramento, a intertextualidade é fundamental. Todo texto que lemos traz alguma referência a um texto anterior. Os textos constroem-se relacionados a outros textos e influenciando novos textos num ciclo interminável. E a percepção dos textos inseridos em um dado texto é a intertextualidade. Mostrar ao aluno essa inserção ou recorrência de um texto em outro pode levá-lo a:
* Perceber que ao produzir um texto, não só podemos, como devemos, recorrer a outros;
*Perceber que, quanto mais textos conhecemos, mais fáceis eles se tronam para interpretarmos, pois recorremos a conhecimentos adquiridos na leitura de outros textos;
* Perceber como os textos que tratam temas semelhantes se interligam trazendo novos significados, opiniões ou formas de se apresentar;
* Notar a intrínseca relação entre ler textos variados e produzir textos com mais elementos de coesão e coerência, além de vocabulário e argumentação mais apurados, ou melhor fundamentados;
* Ampliar o conhecimento de mundo e conseqüentemente a capacidade de reflexão e crítica da realidade à nossa volta;
* Notar que melhor se interpreta um texto quando conhecemos os intertextos nele presentes;
* Desmitificar a idéia de que para redigir, falar ou comunicar-se bem é preciso inspiração, quando na verdade precisamos conhecer vários tipos de textos, perceber como são feitos, para quem, porque, com que intenção, em que situações e, principalmente, que são resultado de muito trabalho de leitura, percepção, reflexão, criação, correção, treino e mais treino. Bons textos se formam no hábito de escrever, criar, recriando e conseguir se expressar.
Se o professor tiver isso em mente e conseguir selecionar bons textos e atividades envolventes, com certeza ampliará o nível de letramento dos alunos.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fórum com as autoras Lucilia Garcez e Margarida Patriota

Às vezes nos perguntamos: “Como levar meu aluno a ler?” Como se essa fosse uma missão a ser cumprida. Pode ser. Mas como na Missão Impossível do filme protagonizado por Tom Cruise, há tantos obstáculos que a meta parece inatingível. Só para relembrar alguns: não há livros na casa de muitos alunos, o hábito da leitura não cultivado em casa, a biblioteca da escola (quando ainda existe) geralmente é mal equipada, TV e computador são ais atraentes, os alunos lêem mal por isso preferem atividades que exijam menos esforço mental. Pois é... mas para cada obstáculo existe uma estratégia específica e para cada aluno há uma maneira diferente de encarar a situação. Só para ilustrar o que estou tentando explicar, vou uma experiência pessoal. Eu sempre gostei de ler aquilo que QUERIA ler. Mas odiava ler por obrigação. Acho que quase todo mundo é assim. Quando eu estava na oitava série, meu professor de português exigiu de todos nós que lêssemos “Sagarana” de Guimarães Rosa para fazer um trabalho de análise da obra. Resultado: enrolei, enrolei e li somente algumas partes que me levaram a ter uma idéia geral da história e fiz meu trabalho baseado numa interpretação superficial do texto. Na parte da conclusão escrevi uma dura crítica á chatice do livro e ao fato de ter sido obrigada a lê-lo. O professor ficou visivelmente triste ao ler meu trabalho. E, embora discordando de mim, não falou mais no assunto até que surgiram os fatos que mudariam essa história. Naquele ano meu pai faleceu e minha mãe teve muitos problemas tentando manter uma propriedade rural pertencente à família. Por mais esforço que ela fizesse não havia sucesso e a chácara que, aos cuidados de meu pai era cercada de matas verdes, pomares, horta, plantações vistosas, pasto e muitos animais, estava se tornando um lugar feio, árido e sem vida. Naquele, o calor e a seca estavam destruindo tudo, inclusive os sonhos e esperanças de minha mãe. Quando o professor solicitou uma redação com tema livre, escrevi sobre as minhas impressões quando visitava aquele lugar. Fiz um texto chocante, emocionado, no qual eu comparava a morte súbita de meu pai à morte lenta e agonizante de nossos sonhos enquanto o córrego secava, as plantas perdiam as cores e os animais desapareciam. A natureza parecia corresponder, de maneira trágica à falta de meu pai naquelas redondezas. Eu consegui, aos treze anos, imprimir toda a minha emoção em um texto que impressionou o meu professor. Quando devolveu a redação corrigida, ele colocou um comentário mais ou menos assim: “Como pôde não gostar do Guimarães Rosa se você escreve com o mesmo estilo marcante dele?” Puxa! Fiquei surpresa! Ele me comparou ao escritor Guimarães Rosa!!! Fui lá e perguntei: “Professor, meu texto parece com que livro do Guimarães Rosa?” Ele disse “Vidas Secas” pronto! Fui atrás, li o livro em três dias e depois fui agradecer ao professor pela sensibilidade, o estímulo, a espera do momento certo para me corrigir. Viu?! Cada obstáculo uma estratégia e para cada aluno uma forma de agir.

18º Encontro do dia 18/09

Para levar meus alunos a lerem e interpretarem satisfatoriamente textos considerando os pressupostos e inferências é importante ter em mente as etapas de leitura a que se submetem:
1ª etapa: a decodificação. O primeiro ponto a observar é a decodificação do texto. Se o aluno identificar as palavras e frases com proficiência e perceber as informações explícitas do texto, ele já pode ser levado a tentar identificar o que há nas entrelinhas...
2ª etapa: as inferências. Nessa etapa, com atividades que questionem o que está implícito no texto, o aluno deve ser levado a perceber as informações que não estão escritas explicitamente no texto, mas que podem ser confirmadas por este. A essas informações chamamos inferências e o desempenho dos alunos ao identificá-las depende muito da capacidade de cada um em construir pressupostos enquanto lê. Isso pode ser facilitado com muitas atividades de leitura e reflexão em classe com textos de diversos tipos e gêneros, tratando também de assuntos variados, polêmicos e interessantes, que estimulem à reflexão. É importante também que o professor saiba criar perguntas que não se baseiem na cópia do que está no texto, mas que sejam confirmadas por este. Como resulatdo desa prática constante, ampliamos o conhecimento de mundo e tornamos o alno cada vez mais habilitado a partir para a próxima etapa da leitura...
3ª etapa: a avaliação. Somente após ter lido e compreendido muito bem o texto, o aluno é capaz de avaliar as informações obtidas. Será que o texto agradou o não? Por quê? O que aprendemos como lição? Concorda ou não? Por quê? Como poderia usar essas informações? Conseguiria escrever outro texto baseando-se no que leu? Essas e outras questões levam professor e alunos ao ciclo: leitura, interpretação, produção, tão desejado na escola. Mas esse é um trabalho diário, árduo, de muita persistência. A qualidade é percebida ao longo de meses e depende muito do bom planejamento e da prática constante.

sábado, 4 de outubro de 2008

17º Encontro do dia 18/09


O texto cômico é muito agradável, além de possibilitar ao aluno a interpretação por meio das gravuras...