quinta-feira, 31 de julho de 2008

7º Encontro do dia 15/05


Encontro do dia 15 de maio de 2008

COESÃO E COERÊNCIA
(Benedita Azevedo – Setembro de 2007)

O Texto Coeso:

Conforme a estrutura do parágrafo, todo texto escrito pressupõe uma organização diferente do texto falado. Já sabemos que a sua forma e estruturação são essenciais para a clareza da comunicação da mensagem, entretanto, outros elementos também contribuem para que esse discurso seja bem sucedido.

É sobre isso que trabalharemos nessa unidade, ou seja, o que é coesão e coerência textual. A palavra coesão no dicionário possui vários significados, entre eles ligação e associação íntima das partes de um todo. Ora, se o todo é o texto, associar as suas partes é ligar as palavras e as idéias sem repeti-las.

"A Coesão é a manifestação lingüística da coerência, advém da maneira como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual. Responsável pela unidade formal do texto, a coesão constrói-se através de mecanismos gramaticais (pronomes anafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre os tempos verbais e conjunções) e lexicais", (COSTA VAL).
Pode-se dizer portanto, que o conceito de coesão está ligado aos elementos constituintes do texto.

Observe as palavras:

Casa rosa bonita casa branca

Todos os elos podem formar uma corrente, porém precisam estar ligados entre si através de outros elos. Isso formará uma corrente coesa, no caso das palavras, isso também dará coesão ao texto.
Veja o resultado: A casa rosa é mais bonita que a branca.

A coesão: é a correta ligação entre os elementos de um texto, que ocorre no interior das frases, entre as próprias frases e entre os vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é coeso quando os conectivos (conjunções, pronomes relativos) e também a preposição são empregados corretamente.
A coerência: diz respeito à ordenação das idéias e dos argumentos. A coerência depende da coesão. Um texto com problemas de coesão terá, com certeza, problemas de coerência. Vejamos alguns exemplos.

a) preposição:
“A ditadura achatou os salários dos professores e tirou matérias importantes no desenvolvimento do jovem”.
Ficaria melhor se fosse utilizada a preposição para: importantes para o desenvolvimento do jovem.

b) pronome relativo:
“Os alunos que os pais colaboram são os esquecidos...”
O pronome correto seria cujos: “Os alunos cujos pais colaboram são os esquecidos...”

c) conjunção:
“Controlar o país, para muitos governantes, é dar a impressão de que existe democracia. Portanto, se o povo participa, é imediatamente reprimido”.

É evidente que a conjunção, portanto está mal empregada. A idéia que se quer expressar é de oposição e não de conclusão. Logo, a conjunção correta seria no entanto, mas, porém etc.

“Controlar o país, para muitos governantes, é dar a impressão de que existe democracia. Porém, se o povo participa, é imediatamente reprimido”.

Problemas como esses levam a uma falta de coerência na argumentação, já que os conectivos não estabelecem as relações adequadas


BIBLIOGRAFIA
1. MAIA. João Domingues, Português, Novo Ensino Médio, vol. Único,Editora Ática, SP,3a ed., 2000.
2. PLATÃO ET FIORIN, Lições de textos: leitura e redação, Editora Ática, São Paulo, 3a edição, 1998.
3. INFANTE. Ulisses, Curso de Gramática Aplicada aos textos, 2ª edição, São Paulo, Scipione, 1995.
4. MESQUITA. Roberto Melo, Gramática da Língua Portuguesa, 3ª edição, São Paulo, Saraiva, 1995.

Retirado de http://recantodasletras.uol.com.br/arquivos/634746.doc em 31/07/08

Leia a seguir como Graciliano Ramos fala do processo de escrever:

?[...] deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa seja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso: a palavra foi feita para dizer?
Escrever não é apenas colocar palavras no papel, não é? Precisamos trabalhar muito, quando queremos escrever. Todo texto é um produto, mas sua elaboração é, antes de tudo, um processo que relaciona, basicamente, duas ordens de fatores: 1) finalidade, leitor previsto, assunto e tipo de texto; e 2) a construção de uma unidade de significação.
Imagine que você vai escrever uma carta (ou um e-mail) para um jornal comentando uma notícia sobre os alimentos transgênicos Evidentemente, você leva em consideração:
 a finalidade de sua carta (participar do debate, dando sua opinião);
 o que quer comentar (alimentação e transgênicos);
 para quem está escrevendo (jornal);
 o tipo de texto: a carta ou e-mail.
Em função disso tudo, você dá sua opinião, usando elementos da carta e escolhendo argumentos que sustentem suas idéias. Assim, para escrever sua carta, você - como autor - precisa elaborar um texto coerente não só com suas idéias, mas também coerente em relação ao seu objetivo, ao leitor que pretende atingir, ao gênero textual que está desenvolvendo.
Vamos pensar um pouco mais a esse respeito...
Coesão e coerência
Imagine a seguinte situação: na grande decisão de um campeonato, o técnico de um dos times declarou aos jornalistas:

"Vamos respeitar o adversário, mas, agora, nosso time está coeso".

Agora, numa outra situação, a namorada diz para o namorado:

"Não adianta. Não vou mais perdoar você. Quero que tenha atitudes coerentes."

Na primeira situação, o técnico enfatizou o fato de seu time estar coeso, como uma qualidade importante para ganharem o jogo. "Coeso" significa "unido", "intimamente ligado", "harmônico".
Na segunda situação, a namorada cobra atitudes coerentes do namorado. "Coerência" significa "harmonia", "conexão", "lógica".

A vaguidão específica

Você sabia que "coesão" e "coerência" são as duas propriedades fundamentais para que exista um texto? Sem esses elementos, não podemos dizer que existe texto. Quando muito, há um amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado. Bem, vamos a mais uma reflexão? Desta vez, leia o trecho de uma crônica de Millôr Fernandes.

As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica-
Richard Gehman

?Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte."?
Junto com as outras?"
?Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.";
?Sim senhora. Olha, o homem está aí."
?Aquele de quando choveu?"
?Não o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo."
?Que é que você disse a ele?"
?Eu disse para ele continuar."
?Ele já começou?"
?Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse."(...)

(Millôr Fernandes. "Trinta anos de mim mesmo". São Paulo: Abril Cultural, 1973)

Veja como o humorista faz sua sátira, a partir de duas idéias básicas: "as mulheres falam demais" e "somente as mulheres se entendem".
Comece a analisar pelo título a ironia do autor: "A vaguidão específica" (como algo pode ser vago e específico, ao mesmo tempo? Só as mulheres, diria Millôr e os que pensam como ele...). Para confirmar suas idéias, ele busca uma "autoridade" para fazer a citação: Richard Gehman (quem seria? Um estrangeiro, pelo nome. Novamente, o humorista brinca com uma idéia pronta: sendo "alguém de fora" deve ter muito a nos ensinar...).
Quem participa da história narrada? Duas mulheres. São elas patroa e empregada? Mãe e filha? Não sabemos. Qual é o assunto de que falam as duas mulheres? Nós, leitores, não sabemos, mas as duas personagens sabem, não é mesmo?
A que se referem as palavras e trechos: "isso", "outras", "alguém", "qualquer coisa", "lugar do outro dia", "o homem", "Aquele", "o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo", "continuar", "começou"? Os leitores não sabem, mas as mulheres sim e como as duas sabem do que estão falando, a "costura" do texto vai sendo feito de forma coerente e coesa.
Você viu que Millôr Fernandes, intencionalmente, quis brincar com um preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar, considerado excessivo. Assim, para entendermos o texto, como coerente e coeso, é preciso levar em conta o fato do autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da "surpresa" ou do "olhar sobre outro ângulo" - como numa piada.

Retirado de http://tutomania.com.br/saiba-mais/coesao-e-coerencia em 31/07/08.

Não é novidade para ninguém: é incoerente (ou parece ser) uma pessoa declarar que detesta jogar futebol e sempre convidar os amigos para uma pelada. Seria coerente, se tal pessoa não gosta de futebol, não convidar seus amigos para jogar bola. É incoerente alguém dizer que devemos ser humildes e essa mesma pessoa ser orgulhosa.Assim é que a coerência pode ser entendida como o fenômeno da harmonia entre as idéias, opiniões. Ou, dito de outra forma, seria um princípio de não contradição. (Se alguém segue uma linha de pensamento, sem sair dela, essa pessoa é coerente; já se esta pessoa não agir conforme suas opiniões, isto parece ser incoerente).
Veja se são coerentes ou incoerentes os pares de fatos relacionados abaixo:
1) gostar de casa arrumada X deixar tudo espalhado
2) gostar de viajar X ficar sempre em casa nas férias
3) considerar que escola é necessário à educação X pôr os filhos na escola
4) ser contra comida enlatada X só comprar ervilha diretamente da horta
Se analisarmos bem o par número 2, incoerente à primeira vista, poderemos facilmente imaginar uma situação na qual a pessoa que goste de viajar não o faça por falta de recursos. Nesse caso, gostar de viajar e ficar em casa durante as férias não se caracterizam como situações que, postas lado a lado, geram incoerência. A incoerência existiria se a pessoa ficasse em casa nas férias porque gosta de viajar...
Perceberemos a coerência entre as duas situações do par de número 2 se conhecermos a situação da pessoa que, por falta de recursos, não viaja. Outro modo de percebermos a coerência é através da expressão clara da ligação entre as duas situações, que pode se dar por uma palavrinha, a conjunção mas:
Luiz gosta de viajar mas fica sempre em casa nas férias.
Ou, explicitando melhor,
Luiz gosta de viajar, mas fica sempre em casa nas férias, porque não tem dinheiro para viajar.
Pronto: acabou-se a incoerência.
Em nosso cotidiano, por vezes, precisamos explicitar as ligações entre fatos, para que os outros percebam que não somos incoerentes. Assim, não é raro usarmos frases como: Gosto dela, mas vou dar o fora.
Não vou tomar sorvete, embora goste, porque estou de regime.
É bonito ter cabelo comprido, mas uso curto porque não tenho tempo para cuidar.
Precisamos de mais um quarto, mas não vamos construí-lo agora porque o dinheiro está curto.
É mais rápido ir de moto para o trabalho, mas eu prefiro ir de ônibus porque o trânsito está muito perigoso.
Torço para o Flamengo, mas quero que o Vasco ganhe porque não agüento mais a choradeira lá em casa.
Se a pessoa com quem falamos sabe que estamos de regime, não é preciso dizer a ela que gostamos de sorvete e lhe explicar que estamos de regime. Basta dizer: “Não vou tomar sorvete”. Se a pessoa sabe que preferimos ir de moto por ser mais rápido, não é preciso fazer a afirmação “É mais rápido ir de moto para o trabalho”, ao lhe informar que não estamos usando a moto para ir até o local de trabalho.

O que percebemos, então?

Percebemos que há situações de interlocução nas quais não precisamos explicitar tudo, mas que há outras nas quais, para não parecermos ilógicos, incoerentes, loucos até, temos necessidade de explicar mais. Se pensarmos na situação do sorvete, temos necessidade de explicar que não tomar sorvete não decorre de gostar muito de sorvete; ao contrário, não tomar sorvete é uma decisão tomada apesar de se gostar muito de sorvete.A noção de coerência, de harmonia entre idéias e fatos, e a noção daí decorrente, que é a de coesão, de ligação entre os fatos, foram consideradas por nós como fundamentais para o bom uso da língua, ao falarmos, conversarmos, escrevermos ou lermos. É verdade que há momentos em que o falante pode querer deixar uma ambigüidade no ar, pode querer provocar um efeito cômico, pode não precisar explicitar a coerência porque a situação já fala por si. Entretanto, se o falante de fato não explicitar a ligação entre os fatos, isso deverá ser por sua opção, e não por falta de conhecimento.Assim, ao que parece, o que se denomina “coesão” seria aquilo que tenta explicitar a coerência, quando ela, em um texto, não pode ser facilmente depreendida. Desta forma, nos textos, os conectivos, que são alguns dos agentes de coesão, representariam a tentativa de explicitação da coerência.


Retirado de http://ead1.unicamp.br/e-lang/supletivo/ em 31/07/08.

6º Encontro do dia 08/05

Encontro do dia 08 de maio de 2008

Dicionário mineirês (bão dimais pra ri HAHAHAHAHAHHA)

lidileite (litro de leite)- mastumate (massa de tomate)- dendapia (dentro da pia)- kidicarne (kilo de carne)- tradaporta (atras da porta)- badacama (debaixo da cama)- pincumel (pinga com mel)- iscodidente (escova de dente)- nossinhora (nossa senhora)- pondions (ponto de onibus)- denduforno (dentro do forno)- doidimais (doido demais)- tidiguerra (tiro de guerra)- dentifrisso (dentifricio)- ansdionti (antes de ontem)- séssetembro (sete de setembro)- sápassado (sábado passado)- oiuchêro (olha o cheiro!)- pradaliberdade (placa da liberdade)- vidiperfumi (vidro de perfume)- oiprocevê (olha pra você ver!)- tissodaí (tira isso daí)- rugoiais (rua Goiás)- onquié (onde que é?)- casopo (caixa de isopor)- quainahora (quase na hora)- ostrudia (outro dia)-
onquoto (onde que estou) E o melhor de todos:- pronostamuinu (para onde nos estamos indo?)

Variação lingüística e o conceito de ”erro”

A variação lingüística enriquece o trabalho em sala de aula porque é mais uma oportunidade que o professor e seus alunos têm de explorar as várias nuances da língua portuguesa. A maioria dos “erros” cometidos por alunos ao escrever são apenas traços marcantes de sua língua falada e ao professor cabe informar essa diferença que há entre uma e outra. A linguagem popular, usada no cotidiano de todos essencialmente na fala possui muito mais liberdade no uso do léxico e até foneticamente, pois a intenção é meramente comunicativa Como a mesma é constantemente reformulada pelos falantes e conta com o apoio do contexto, entoação, expressão facial e gestos é facilmente compreendida. Já a língua escrita é mais formal e não conta com os mesmos recursos para ajudar a compreender o que está sendo comunicado. Por isso há a necessidade de regras na forma escrita que apresenta muitas diferenças da linguagem oral justamente por causa das variações lingüísticas. Não existe “erro” nesse contexto. O que acontece são formulações e reformulações que os alunos fazem ao escrever, o seja, tentativas de adequação à norma culta com o objetivo de se expressar da melhor forma possível. Se os alunos entendem suas correções desse modo fica mais fácil para eles adaptarem suas redações às exigências do contexto. Nem sempre tudo precisa ser corrigido. Depende da situação comunicativa, do contexto do que se espera comunicar e qual a melhor forma de fazê-lo. Quando meus alunos supõem estar diante de um “erro” eu mostro a palavra, frase ou o parágrafo escrito e questiono se a comunicação poderia ser melhor escrevendo de outra forma. Assim, sugerindo novas formas de escrever, eu construo com os alunos suposições em torno do uso da norma culta da língua.

Atividade com palavras soltas

Dor não, felicidade sim.

Ambição talvez, bondade sempre.

Covardia nunca, amizade... sinceridade.

Saudade: mais sentimento, menos indiferença.

Tristeza ontem, alegria hoje, amanhã.

Pouco ciúme, bastante amor, emoção!

Compreensão aqui, loucura longe.

Exigência agora, conquista depois, perfeição sempre.


O aniversário da Perfeição

Perfeição iria fazer uma festa e estava pensando em quem convidar. Ela chamou sua amiga Sinceridade para dar sugestões de quem chamar. Esta sugeriu chamar a Felicidade, sempre esperada. Mas ela impôs uma condição; só iria se Dor não fosse convidada. Ambição disse que talvez fosse se ganhasse algo em troca, mas Bondade estava disposta até a ajudar no que fosse preciso. A Covardia agradeceu o convite, mas alegou que não iria comparecer com medo de represálias. A Amizade, como sempre, também foi lembrada e a Saudade iria acompanhar o Sentimento, como sempre.

No dia da festa, no momento em que a Alegria chegou, Tristeza foi embora, mas Indiferença, sua acompanhante, nem sentiu sua falta. O Amor estava de braços dados com a Emoção, mas o Ciúme não gostou nada daquilo e provocou uma grande encrenca. Precisaram chamar a Compreensão para tentar solucionar o problema, já que até a Loucura havia entrado na confusão. Perfeição, vendo que estava tudo errado, pediu ajuda da Exigência para colocar todos para fora.
Essa Perfeição não existe mesmo... que figura!!!

5º Encontro do dia 24/04

Encontro do dia 24 de abril de 2008

Análise do Livro Didático numa perspectiva discursiva

• Oferece ao aluno textos diversificados e heterogêneos, do ponto de vista do gênero e do tipo de texto, para que possa ser considerada representativa do mundo da escrita?
• Prevê atividades de leitura capazes de desenvolver no aprendiz as competências leitoras implicadas no grau de proficiência que se pretende levá-lo a atingir?
• Ensina a produzir textos de modo a contemplar a produção em si e a analisar os elementos constitutivos de um texto?
• Mobiliza corretamente a língua oral para desenvolver o falar/ouvir e as diversas interfaces entre oralidade e escrita?

O tratamento dado à fala no LD

• O gênero diálogo como única fonte clara para a presença de estratégias de fala
• Ausência de propostas de atividades utilizando a audição de falas produzidas fora do contexto de aula, ignorando a produção falada real
• Apesar de haver observações sobre regionalismo quase não há indicações sobre literatura de cordel ou a poesia popular em que se escreve imitando a fala.
• Como o livro didático adotado na sua escola aborda essa temática? A relevância se dá aos exercícios gramaticais ou à produção e interpretação de textos.
• O livro didático menciona de algum modo a pluralidade de línguas que existe no Brasil?
• O livro didático explicita que também existe variação entre fala e escrita como homogênea e a fala com lugar de erro?
• Será que há privilégio das estruturas lingüísticas? Ou haverá também ênfase na comunicação e na interação?


Nossa análise

O livro analisado oferece ao aluno textos diversificados e heterogêneos, do ponto de vista do gênero e do tipo, como exemplos podemos citar piadas, histórias em quadrinhos, cartas, bilhetes, narrativas, anúncios, reportagens, entrevistas, manuais, receitas, diálogos e trechos de peças teatrais, mas há vários outros tipos de texto. Consideramos essa diversidade representativa do mundo da escrita.
As atividades de leitura são bem orientadas e levam os alunos a refletir criticamente a respeito do texto lido, porém consideramos que há pouca diversidade na forma como os enunciados são apresentados, podendo ocorrer uma automação na forma de raciocinar para responder às questões. Seria interessante e mais desafiador diversificar mais os tipos de atividades de leitura e interpretação de textos.
O livro tem uma abordagem na produção de textos que é essencial para os alunos compreenderem passo a passo o que se espera deles no momento de redigir. As estratégias de escrita de cada tipo de texto são explicadas claramente ao final das lições e a condução desse trabalho de produção é prática, beneficiando tanto o aluno quanto o professor.
O livro não leva em consideração a língua oral. Obviamente, esse trabalho deve ser bem conduzido pelo professor durante as discussões em classe, pois não está claramente explícita no livro a conexão entre oralidade e escrita.
Também apresenta o gênero diálogo como única fonte clara para a presença de estratégias de fala e percebe-se a ausência de propostas de atividades utilizando a audição de falas produzidas fora do contexto de aula, ignorando a produção falada real e quase não há indicações sobre literatura de cordel ou a poesia popular em que se escreve imitando a fala.
Tanto há relevância na aplicação de exercícios gramaticais quanto aos de produção e interpretação de textos não havendo uma predominância de um ou outro aspecto.
O livro não menciona em nenhuma atividade de forma clara a questão da variação entre fala e escrita, podendo parecer aos alunos que a forma escrita é a correta e deve ser sempre utilizada em classe, pois a outra (falada) não é sequer levada em consideração para resolução de quaisquer atividades.
Não há privilégio no tratamento dado às estruturas lingüísticas em detrimento da comunicação e da interação, porém a nosso ver, como a conversação é pouco estimulada isso pode ficar implícito em sala de aula se o professor não souber conduzir as atividades para um espaço de debates a construções orais com a participação de todos.